sábado, 30 de julho de 2011

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Lugar Nenhum - Onde a Verdade Começa



Lugar Nenhum – Onde a Verdade Começa ©
2007, Marcos Henrique, todos os direitos reservados.
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem o consentimento do autor.


Marcos Henrique M. Matos





Lugar Nenhum



Ficção.





Esse livro é dedicado a Alinhar ao centrominha amada Sandra Paz (obrigado por existir).





Sumário





O sumário não se tornou necessário, pois nada é real, realmente, ou é...?
























PREFÁCIO


M.H.M.Martins (29 nov. 1977) poderia passar horas falando sobre minha pessoa para que os leitores pudessem me conhecer melhor, mas infelizmente acho que quando falo sobre minhas virtudes ou confesso meus defeitos soa falso, então, preferi colocar um poema no prefácio, talvez esse poema se pareça comigo, talvez.


Alma

Escrever e adoecer a alma; será uma dádiva? Será uma benção?
Quem sabe ao certo esses fatos só são rotina crua, crua é minha vida, my life. Sempre me sentindo um prisioneiro de mim mesmo...
A dádiva me foi dada e junto me veio a magoa, o medo e o eu sozinho, não me importo como serei lembrado, se como um gênio, ou um retardado, só ouçam minhas poesias doentias, meu desabafo; chorem! Riam! Sejam o que não fui! Sejam livres! Sem cortes nos pulsos, sem veneno nas veias, sem saudade de um lugar que nunca é visto por meus olhos, não posso descrevê-lo, mas o sinto desde menino, desde a época clara, antes das trevas reinarem em meu pensar.
Fazer-me vida;
Fazer-me paz;
Fazer-me o que não sou alegria...

Marcos Henrique.










Introdução à dúvida




Sabe; eu sempre me senti sozinho e nunca tinha entendido isso, minha infância foi ótima, tinha muitos amigos, meus pais eram legais; eles morreram quando eu tinha dez anos, até hoje, não entendi bem a morte deles, meu tio Paulo diz que é porque não me conformo com a morte deles, mas é mais que isso sabe. E esse vazio que sinto; não me maltrata, nem me enche de melancolia, só me faz querer ir pra um lugar que não sei se existe, mas eu o sinto é uma coisa mais forte que eu, mais forte que a razão, mas o que é razão? O que é sonho? O que eu sou? Às vezes acho que sou um prisioneiro, cercado por grades invisíveis cercando tudo, cercando todos e a pior parte é que só eu me sinto assim.

Dizem que a verdade liberta; acho que ninguém está realmente preparado para a verdade, eu achava que estava, mas a verdade era bem maior que eu.



















CAPÍTULO I


DIÁRIO DE LÁZARO.


17 de outubro de um ano qualquer, decidi não colocar mais datas especificas em meus diários, não sei mais se tudo isso é real, só temo que todo esse mundo, que vivo, seja a imaginação de uma criança mimada, não suportaria saber que não sou real ou melhor que só sou real na mente de uma criança.

Espero que um dia possam ler esse diário e saber que tudo é verdade, por mais improvável que possa parecer, por mais incrível; mais intrigante e inacreditável; tudo que foi relatado é verídico, volto a afirmar com toda veemência e decoro possível.

Quem não já teve a sensação de estar sendo observado? Mas ninguém tem essa sensação mais que eu, tudo começou depois do acidente que vitimou meus pais, até hoje meu tio diz que é uma espécie de trauma causada pela não aceitação dos fatos. Meus amigos dizem que sou muito velho para minha idade é que quando você descobre que a morte existe algo muda em você, não falo isso com orgulho, gostaria muito de me sentir um cara de vinte e dois anos, mas me sinto com cinqüenta, ainda bem que meu libido é de um rapaz de vinte se não estava perdido, mas o que tem de mais gostar de Goehte, Platão ou Nietzsche, acho que só sou respeitado por meus amigos por curtir Rock alternativo e Punk Rock.

Minha vida é boa não tenho do que reclamar; certo, meus pais morreram, mas meu tio Paulo sempre foi como um pai e uma mãe pra mim, acho que ele se sente um pouco responsável, talvez pelo fato do carro ter sido o dele, o que meus pais morreram, ele é irmão de minha mãe, sinto falta deles e ainda bem que tenho o tio Paulo; tenho um emprego, faço faculdade e tenho uma namorada o que mais um homem pode querer? A verdade talvez! Só sei que sei que nada sei...

Já são oito da manhã tenho que ir trabalhar, não é porque o negocio é do meu tio que posso atrasar é melhor ir nessa.

- Lázaro vamos nos atrasar! Desça depressa... – fala tio Paulo aos berros.

- já tô indo tio! – responde Lázaro.

Lázaro desse as escadas correndo com sua mochila azul nas costas, ele e seu tio saem da casa, seu tio fecha a porta e nessa hora Lázaro lembra que esqueceu seu trabalho de História, Lázaro está no terceiro período de História.

- Esqueci meu trabalho tio, me deixa entrar em casa de novo vá pro carro eu te encontro lá.

- Você ainda não o terminou? - pergunta seu tio.

- Só faltam umas linhas, termino no trabalho – responde Lázaro.

- Lugar de trabalho é de trabalhar garoto –fala Paulo.

- Corta essa, patrão – fala Lázaro brincando.
Seu tio Paulo da as chaves da casa e vai para o carro.

Lázaro entra e senti uma presença, ele vê um vulto subindo as escadas de seu quarto, Lázaro vai em direção de seu quarto, sobe as escadas lentamente como que para flagrar o que quer que esteja lá, Lázaro abre a porta de seu quarto e nada, ele olha ao redor, se convence que não foi nada, pega seu trabalho e desce sem perceber que sua janela que antes estava fechada agora está entre aberta.

Lázaro fecha a casa e percebe que em cima da casa tem uma sobra ele olha para cima rapidamente e seja lá o que for é mais rápido que ele e se esquiva, Lázaro ainda tenta se esticar olhando para cima quando é surpreendido pela buzina do carro de seu tio.

- Vamos Lázaro! Estamos atrasados!

Lázaro se volta para o carro, corre até ele e entra no mesmo.

- O que foi? – pergunta seu tio.

- Nada... – responde Lázaro com um semblante de incerteza.

- Parece que você viu um fantasma? – fala seu tio com um sorriso discreto nos lábios.

- Nada, acho que o gato dos Martins entrou lá em casa – responde Lázaro guardando seu trabalho na mochila.

- Eu Já avisei a mesquita para não deixar aquele gato entrar lá em casa – fala tio Paulo um pouco irritado – você fechou a janela do seu quarto? – pergunta tio Paulo.

- Sim – responde Lázaro.

- Tem certeza? – pergunta mais uma vez tio Paulo.

- Como dois e dois são cindo – responde Lázaro com certo cinismo.

- Você sabe que não gosto quando você fala assim comigo – fala tio Paulo.

- Fica calmo Meu velho – brinca Lázaro

Lázaro passa a mão no cabelo de seu tio Paulo, brincado com ele, os dois riem e seguem apara o trabalho.

Lázaro trabalha na loja de ferragem de seu tio Paulo, ele é um bom homem, deixa os horários flexíveis para Lázaro poder estudar, depois que sua irmã morreu Paulo ficou com Lázaro e desde então o criou.

Paulo não pode ter filhos, mas tem uma namorada que se chama Sandriele, ele diz que a melhor coisa que lhe aconteceu foi ter nascido estéril, só assim ele nunca ira se preocupar em pagar pensão alimentícia.

Lázaro trabalha até as duas da tarde com seu tio, depois disso vai almoçar e mais tarde para faculdade.

- Tio; posso ir? – pergunta Lázaro.

- Que horas já são? – pergunta tio Paulo.

- Duas e Meia! – responde Lázaro.

- Por que você não já foi seu tonto? -responde tio Paulo.

Lázaro sorrir, pega suas coisas se despede dos funcionários e vai para casa.

Lázaro vai para casa de metrô, no percurso de casa começa a escrever em seu diário.

Ida para casa, tudo é tão igual.

Ainda 17 de outubro, tudo está como deveria estar, as aves ainda migram para o sul; para fugir da morte, eu vou para casa de metrô e essa dúvida me persegue, acho que não deveria ter lido tanto Platão; nada disso importa o que importa é que Ainá vai hoje lá pra casa e tudo pode acontecer.

O metrô para é a estação que Lázaro desce, do metrô para sua casa são uns quinze minutos, ele vai a pé.

Lázaro chega em casa, pega a correspondência, abre a porta e entra.

- Cara! Será que só tem conta aqui?

- A conta de telefone, tio Paulo vai me matar! Bom, vou comer alguma coisa e esperar Ainá chegar.

Lázaro vai até a cozinha, deixa a mochila em cima da mesa e nota que a torneira da pia está meio aberta, ele se próxima, olha para os lados, como que se tentasse achar uma explicação e ao mesmo tempo procurando algo.

- Não pode ser, isso só pode ser uma ilusão, agora essa casa ficou mal assombrada; ai fantasma! Não tem graça, você não vai pagar a conta d’água vai?!

- Cara que merda é essa?

Lázaro fica imóvel por uns estantes, como se quisesse ouvir uma resposta, nada, ele fecha a torneira e prepara algo para comer.

Lázaro come, arruma a cozinha, toma um banho e vai para seu quarto.

- Vou dormir um pouco, antes que Ainá chegue.

Lázaro tem um sono inquieto, se mexe muito e sente uma claridade em seu quarto, como se alguém estivesse tirando fotos dele, ele acorda suado e atônito.

- O que foi isso!?

A campainha toca e ele toma um susto.

- Droga! Deve ser Ainá – Lázaro leva a mão ao coração por causa do susto.

Ele desce meio desconfiado; as escadas de seu quarto, abre a porta é Ainá realmente.

- O que você tem? Parece que viu um fantasma – pergunta Ainá, que segura uma pizza em uma das mãos.

- Nada, Entra... – responde Lázaro.

- Trouxe nosso jantar – fala Ainá erguendo a pizza.

- Que bom... – responde Lázaro meio preocupado.

- O que você têm Lázaro? – pergunta Ainá já deixando a pizza sobre o centro da sala.

- Nada não – responde Lázaro passando as mãos no rosto.

- Como se eu não te conhecesse Lázaro – fala Ainá, demonstrando curiosidade e preocupação.

- É, você me conhece tão bem que chega a me preocupar – fala Lázaro cheirando a pizza.

- Vai me diz? Não me enrola; Lá – insiste Ainá.

- Você sabe que eu não gosto quando você me chama assim – fala Lázaro abrindo a caixa de pizza.

- Mas você é minha nota musical amor – fala Ainá com dengo.

- Vem cá minha gatinha – fala Lázaro, estendendo os braços e agarrando Ainá, dando-lhe assim um beijo.

Eles sentam no sofá, trocam caricias e Ainá o chama para irem para seu quarto.

- Garota assanhada, não se deve chamar um rapaz para ir para seu quarto – fala Lázaro brincando

- Mas você não é um rapaz – responde Ainá, com um lindo sorriso.

- Não!? – pergunta Lázaro.

- Não, você é meu homenzinho – responde Ainá, o puxando para irem para o quarto.
Eles sobem as escadas, esquecendo a pizza que ficou em cima do centro.




CAPÍTULO II



Lázaro e Ainá estão deitados na cama, Ainá acaricia sua cabeça.

- E então, você quer falar agora? – pergunta Ainá.

Lázaro a olha sem entender.

- O que você quer que eu diga? – pergunta Lázaro, olhando para ela.

- Aquelas luzes que saiam de seu quarto, o que eram? – pergunta Ainá, demonstrando muita curiosidade.

O quarto de Lázaro fica na parte de cima da casa e sua janela fica na parte da frente da casa, dando para a rua.

- Você também viu! – pergunta Lázaro dando um pulo da cama e ficando em pé na frente de Ainá.

- Sim o que era? – pergunta Ainá sem entender a preocupação do namorado.

- Meu Deus! E eu pensei que fosse só um sonho! – fala Lázaro passando as mãos na cabeça e andando de um lado para o outro.

Ainá fica sem entender nada e tenta acalmar o namorado.
Lázaro senta na cama, pega as mãos de Ainá olhando em seus olhos.

- Você não vai acreditar se eu te falar – fala Lázaro demonstrando nervosismo e excitação.

- Fala logo Lázaro, o que era aquilo?! – pergunta Ainá um pouco assustada com aquela situação.

Lázaro a olha e com um doce sorriso diz:

- Eu não sei...!?

- Como assim não sei, você não viu aquelas luzes? – pergunta Ainá, chateada achando que Lázaro está brincando com ela.

- Eu juro que não sei! – responde Lázaro.

- Você tá querendo me dizer que não sabe o que eram aqueles feixes de luzes; sim! Conta outra Lázaro, parecia que estavam tirando fotos, sei lá. – fala Ainá séria.

- Eu estava dormindo e senti como se tirassem fotos minhas, achei que fosse um sonho e quando acordei era você tocando a campainha – responde Lázaro com uma das mãos no queixo.

- Você está de brincadeira comigo? – pergunta Ainá olhando fixamente para Lázaro.

Lázaro fica pensativo e lembra-se de um fato.

- E sabe o que é mais estranho? Hoje quando cheguei senti como se alguém estivesse aqui, a torneira da pia estava meio aberta e pela manhã...

- O que pela manhã? – pergunta Ainá demonstrando medo.

- Pela manhã; senti alguém me olhando de cima da casa – responde Lázaro olhando para Ainá, com um olhar de medo e ao mesmo tempo intrigante.

- Eu estou com medo Lázaro – fala Ainá apertando as mãos.

- Não se preocupe, nada de mal vai acontecer – fala Lázaro abraçando bem forte Ainá.

Eles descem, vão para a sala, comem a pizza já fria, sem dar uma só palavra e vão para a faculdade.

- E ai Lázaro; madame, como estão – fala Thiago que é amigo de Lázaro e Ainá.

Thiago conhece Lázaro desde pequeno, eles estudaram juntos no colegial e foi Thiago quem apresentou Ainá a Lázaro. Thiago cursa matemática.

- Oi Thiago, cadê o resto do pessoal? -fala Lázaro se referindo ao resto de seus amigos.

- Bom, Geogton tá enfurnado lá na farmácia, ele acha que pegou algum anta vírus, Gabriel vai chegar mais tarde e Adriele, como sempre retocando a maquiagem – responde Thiago com um olhar irônico.

Lázaro conheceu o resto do pessoal na faculdade mesmo, Geogton faz biomedicina e ficou hipocondríaco, Gabriel faz filosofia e acha que pode desvendar os segredos do universo e Adriele cursa psicologia, todos são muito amigos e sempre saem juntos para se divertir.

- Lázaro, eu tenho que ir; tenho prova hoje e quero estudar um pouco mais – fala Ainá que cursa jornalismo.

- Tá bom, sim! E sobre aquele lance, fica entre nós, tá legal – fala Lázaro.

Ainá acena com a cabeça meio desconfiada, eles se despedem e ela vai embora.

- Está com segredinhos para mim, papai? – pergunta Thiago brincado.

- Não cara, que isso – responde Lázaro

- Só espero que não seja gravidez – diz Thiago empurrando Lázaro.

Lázaro rir.

- Vamos nessa tenho que ir para aula – fala Lázaro.

- Tudo bem papai! Vamos nessa – responde Thiago.


Lázaro não conseguia se concentrar na aula, não saia de sua cabeça o que poderia ser aquilo, poderiam ser os espíritos de seus pais, ou então loucura de sua parte.

No final da aula Lázaro se encontra com seus amigos e Ainá no bar ninguém é santo, reduto de tipos incomuns, que vivem pacificamente naquele mesmo espaço.

- E então Lázaro qual era aquele segredo cabeludo que você e Ainá estão guardando a sete chaves? – pergunta Thiago, tentando equilibrar um canudo entre seus lábios e seu nariz.

- Segredo? Não tenho segredos nenhum, sou um livro aberto – responde Lázaro tentando não dar atenção para aquilo.

Todos os outros ficam curiosos, Geogton, Adriele e Gabriel, começam a pressiona-lo.

- Qual lé cara, tá agora com segredinhos para nós? – pergunta Geogton, cheirando um copo antes de colocar refrigerante nele.

- É que ele vai ser pai! – fala Thiago com ironia.

- Sério! – pergunta Adriele.

- Claro que não! – responde Ainá franzindo a testa.

Todos ficam enchendo o saco de Lázaro para que ele conte logo esse segredo; começam a especular sobre o que poderia ser, o mais irritante é Thiago que não para de pegar no pé de Lázaro.

- Tá legal eu conto! Mas vocês vão prometer não rirem – fala Lázaro, demonstrando desempaciência e ao mesmo tempo uma vontade de desabafar.


Todos ficam aguardando o que Lázaro tem a dizer, até Adriele que estava passando um batom pára, para escuta-lo.

- Bom... – Lázaro respira fundo.

- Desde Meus dez anos cinto como se fosse observado, é como se alguém me vigiasse – fala Lázaro sério.

- E o que você acha que é – pergunta Gabriel demonstrando muito interesse.

- Sei lá, antes eu achava que fossem meus pais me protegendo, sei lá! – responde Lázaro demonstrando incerteza.

- Por quê você nunca me disse isso? – pergunta Ainá.

- Não queria te assustar – responde Lázaro.

- Mas Lázaro você não confia em mim? – pergunta mais uma vez Ainá demonstrando certa frustração.

- Confio e muito, mas o que você queria que eu fizesse, não é tão simples assim, eu iria me apresentar a você e dizer: olá, eu sou Lázaro, acho que sou esquizofrênico, porque sempre sinto que tem alguém me vigiando, ou melhor, meu nome é Lázaro e sou paranóico – responde Lázaro com um falar meio áspero.

Adriele volta a retocar sua maquiagem e pergunta:

- Lázaro você foi amamentado quando criança?

Isso irrita Lázaro que logo responde.

- Não vem com esse papo freudiano pra cima de mim Adriele!

- Calma cara é só uma teoria! – fala Adriele, guardando seu estojo de maquiagem.

Thiago fica se prendendo para não rir de Lázaro, ele não agüenta e se estoura de rir.

- Ta vendo! Por isso eu não queria contar
– fala Lázaro demonstrado ainda mais desconforto, mais do que guardar esse segredo por todos esses anos.

- Como você sabe que não passa de uma alucinação tudo isso Lázaro? – pergunta Gabriel mostrando interesse no que Lázaro falou.

- Bom; além da sensação de estar sendo observado, hoje; aconteceu algo novo – Lázaro da uma pausa, para sentir se Gabriel está mesmo interessado em saber o que ele tem a dizer ou se só está tirando uma com a cara dele.

Gabriel delata as pupilas e se estica na mesa, demonstrando muito interesse.

Lázaro logo percebe que não se trata de uma brincadeira, Gabriel faz filosofia e para ele toda teoria é valida até ser desmistificada.

Lázaro sente como se Gabriel também tivesse algo a dizer sobre esse assunto, então não reluta em desabafar com o amigo.

- Hoje, horas antes de eu e Ainá virmos pra cá, senti como se tirassem fotos minhas... – fala Lázaro com certo receio dos outros.

- Cuidado Lázaro pode ser algum vizinho tarado querendo te colocar na net, em algum site pornô – fala Thiago ainda se recompondo da crise de risos.

- Como assim fotos? – pergunta Gabriel.

- Fleches, que saiam de seu quarto! – responde Ainá.

- Como você sabe disso Ainá? – pergunta Gabriel.

- Ela também viu... – responde Lázaro.
Todos os outros que não estavam prestando atenção param e olham para Lázaro, até Adriela o olha com interesse e diz que se arrepiou toda.

- Como assim? Ela também viu? Tiraram fotos suas Ainá? – pergunta Gabriel ainda mais excitado.

- Eu ia chegando na casa dele e vi fleches de luzes saindo de seu quarto, até pensei que fosse algumas fotos que ele estivesse tirando – responde Ainá, que logo pega um sanduíche para comer.

- Por quê todo esse interesse Gabriel? – pergunta Geogton que até se esquece por uns estantes dos micróbios.

- Vocês não vão acreditar, mas eu conheço uma pessoa que passou pela mesma coisa – fala Gabriel se emocionando tanto, que chega a lacrimejar os olhos.

- E quem é essa pessoa? – pergunta Lázaro achando que vai resolver todas suas dúvidas.

- Ramos! Ele se chama Ramos – responde Gabriel.

- O velho Ramos! Aquele louco, cê tá de onda né? – pergunta Thiago.

- Ele não é louco! – responde Gabriel indignado com Thiago.

- Oh! Não, corta essa cara! Aquela cara é ex-combatente, deve ter cheira muito Napalm meu irmão! – fala Thiago com deboche.

- Mais respeito seu... – retruca Gabriel

- Fala porra! Se tu é homem! Fala! – replica Thiago que logo se levanta da mesa.

- Você acha que eu tenho medo de você? – pergunta Gabriel também de pé.

- Calma, caras! Vocês vão brigar agora?!
– pergunta Lázaro tentando acalmar os ânimos exaltados dos dois amigos.

- Quanta testosterona desperdiçada – fala Adriele.

- Ai gente! Gente... gen... – fala Geogton em vão, tentando avisar que vem um policial em suas direções, ele percebe isso quando pede mostarda as pessoas da mesa ao lado.

- Vocês vão brigar aqui? Se quebrarem alguma coisa eu não pago, vou logo avisando
– fala Ainá segurando a mesa que treme com os dois querendo se pegar.
Nessa hora vem um policial que estava no bar e vê todo aquele auê.

- Algum problema pessoal? – pergunta o policial.

- Não senhor - responde Lázaro ao policial.

- E o que é isso que está acontecendo aqui? – pergunta o policial colocando a mão em seu coldre.

- Não é nada senhor, o senhor sabe como é esses jovens loucos por futebol, não sabem separar jogo da vida real – responde Lázaro ao policial.

Thiago e Gabriel vendo que podem ser expulsos do bar, ou pior, serem presos; acalmam-se e pedem desculpas ao policial.

- Sinto muito Seu guarda, nós nos exaltamos, isso não vai tornar a acontecer
– fala Gabriel que se senta.

- É isso seu guarda, prometemos não falar mais de futebol, vamos falar de religião agora; oficial, nos desculpe – fala Thiago que se senta olhando para Gabriel.

- Certo garotos! Mas nada de brigas aqui, ok – fala o policial colocando as mãos nos ombros de Geogton.

O policial se retirar e os dois amigos ficam meio emburrados.

- Droga onde será que ele colocou essas mãos! – fala Geogton se preocupando em não contrair nenhum fungos.

- Apertem as mãos seus babacas! – fala Adriele repreendendo os dois amigos.

- Só aperto se ele beijar minha bunda – fala Thiago ironizando aquela situação.

- Vê se não fode Thiago – responde Gabriel ainda de cara fechada.

- Você sabe que eu te amo tolinho – fala Thiago para contornar aquela situação.

Todos riem e Gabriel estira a mão para cumprimentar Thiago em sinal de trégua.

- Você nunca muda, sempre tem que ser esse babaca né – fala Gabriel já sem magoas do amigo.

- É assim que vocês me amam cara! – responde Thiago, com um sorriso.

- Achei que fossemos passar a noite na cadeia, lá é cheio de micróbios e ah..! – fala Geogton se arrepiando todo, só em pensar naquela possibilidade.

- Tudo porque Gabriel gosta de ter amigos bêbados – fala Thiago só por pirraça.

- Loucos e bichas como você Thiago – responde Gabriel com sarcasmos.

Thiago solta um beijinho para Gabriel que revida com um sorriso ainda mais sarcástico e levantado seu dedo médio pra Thiago.

- E então Gabriel, onde mora esse cara, o tal do Ramos? – pergunta Lázaro.

- Não acredito que você vai falar com esse cara! – fala Thiago balançado a cabeça negativamente.

- Só por que você é um descrente, não quer dizer que ele não tenha algo pra me dizer – responde Lázaro.

- Eu acredito na... – fala Thiago e antes que conclua a frase seus amigos completam.

- Matemática e nas equações – respondem todos tirando um sarro com Thiago.

- Claro! Vocês têm assistido muito arquivo X – fala Thiago.

- A verdade está lá fora; amigo – fala Geogton.

- Sei, verdade, fala sério – fala Thiago torcendo a boca.

- E a verdade nós chama – fala Lázaro, levantado-se junto com os outros e deixando a conta pra Thiago pagar.

- Ei! Sacanagem eu paguei ontem! – fala Thiago tentando se levantar, mas Geoton não deixa.

- Até mais senhor cético! – fala Gabriel dando tchau a Thiago.

- Vê se da uma gorjeta boa dessa vez – fala Adriele, apontando seu batom para Thiago.

Todos saem e ficam esperando Thiago fora do bar.

- Depois nós combinamos pra falar com o Senhor Ramos; vou nessa – fala Gabriel que se despede de todos.

- Me espera! Também vou, tenho que tomar um banho logo – fala Geogton.

- Vem com agente Adriele? – pergunta Ainá, esfregando as mãos, está um pouco frio.

- Sim, vamos só esperar o babaca do Thiago – responde Adriele.

- Sei, babaca; acho que você tem uma quedinha por esse babaca – fala Lázaro.

- Cê só pode tá de onde pra cima de mim Lázaro – responde Adriele fazendo uma cara de espanto e constrangimento.

Thiago chega e a conversa termina pela metade.

- Que sacanagem! Adriele você come de mais, a conta foi um abuso a moral e aos bons costumes – fala Thiago ainda guardando a carteira.

Os quatros saem do bar e vão andando até o metrô, a noite está um pouco fria, mas nada muito desagradável.

- Tá frio – fala Adriele, soprando as mãos.

- Você quer minhas calças – responde Thiago com uma cara irônica.

- Corta essa, não quero ver esse pintinho de plástico – responde Adriele.

- Será que não se pode ser cavalheiro hoje em dia meu Deus? – pergunta Thiago abrindo os braços para o auto.

- Desse tipo de cavalheirismo os presídios estão cheios – fala Adriele ainda sentindo frio.

- Você está querendo dizer que eu sou um pervertido, só porque quero ajudar você? – pergunta Thiago se pondo a frente de Adreile.

- Não, é muito comum homens oferecerem as calças para mulheres com frio à noite, vocês não acham? – pergunta Adriele, olhando para Lázaro e Ainá.

- Tá legal, toma... – Thiago tira sua jaqueta, ficando só com uma camisa de banda de rock.

- O que é isso? – pergunta Adriele surpresa com a ação de Thiago.

- Uma jaqueta surrada, brincadeira...

Adriele olha para Thiago e fica desconfiada, será que ele está falando sério? Ela se pergunta.

- Toma...! – fala Thiago esticando a mão com a jaqueta, surpreendendo até mesmo Lázaro e Ainá que olham para Adriele para ver se ela aceita.

- Sério? – pergunta Adriele, ainda sem entender.

- Não! Claro que é sério, toma – responde Thiago.

Adriele pega a jaqueta e a veste.

- É isso ai gatinha, nem doeu certo – fala Thiago, fazendo sinal de positivo pra Adriele.

- Acho melhor eu e Ainá irmos por outro caminho – fala Lázaro brincando com aquele momento inusitado.

- O que é isso, vocês na acham que eu e Adri..., por favor amigos, todo mundo sabe que Adriele é lésbica – fala Thiago tirando uma com a cara de Adriele.

- Por quê você tem sempre que estragar tudo? – pergunta Adriele, deixando Thiago sem graça.

- É; eu sei, foi mal – fala Thiago abaixando a cabeça.

Ainá olha para Lázaro e acena para ele não dizer nada.

Os quatros vão seguindo calados para o metrô o apanham e seguem viagem para casa, as garotas descem primeiro, se despedem, Adriele quer devolver a camisa a Thiago, mas ele não aceita dizendo para ela o devolver amanhã.

O metrô segue e as garotas acenam se despedindo, Lázaro e Thiago ficam conversando.

- Cara cê tem que da uma dentro de vez em quando – fala Lázaro para Thaigo.

- É; eu sei, tenho que controlar melhor minha boca grande – responde Thiago passando as mãos na cabeça.

- Você acha que eu e Adriele...,não! – fala Thiago sem entender ao certo o que está acontecendo.

- Bom, ela é uma gatinha, tá sozinha e às vezes olha pra você de um jeito que sei lá
– fala Lázaro começando a se preparar para descer, eles descem uma parada depois das garotas.

- Como assim? Olha pra mim? – pergunta Thiago demonstrando interesse.

- É, principalmente quando você não fala muita merda – responde Lázaro ficando de pé para descer em sua estação.

- Sério, nunca tinha notado, é; às vezes, mas... – fala Thiago também se levantando.

- Mas você está muito ocupado tirando sarro de alguém – responde Lázaro.

- É... – responde Thiago abaixando a cabeça.

Eles descem na estação e vão andando até suas casas, Thiago mora umas cindo casa depois da de Lázaro. Eles se despedem na frente da casa de Lázaro.

- Boa noite cara – fala Thiago.

- E o aperto de mãos secreto? – pergunta Lázaro.

- Hoje não cara – responde Thiago com o pensamento longe.

- É isso amigo, com mais treino você vira um homenzinho – fala Lázaro abrindo o portão de sua casa.
Thiago segue seu caminho, pensativo, Lázaro entra em casa, seu tio está dormindo no sofá.

- Tio, acorda tio – fala Lázaro, tentando acordar seu tio sem que ele se assuste.

- Ah..., você chegou? – fala tio Paulo meio sonolento.

- Vai, pode ir pra cama que eu já cheguei mamãe – fala Lázaro brincado e ajudando ao tio levantar.

- Que horas são? - pergunta tio Paulo, calçando os chinelos.

- Hora de o senhor dormir na cama – responde Lázaro.

- Não chegue tão tarde filho – fala tio Paulo colocando a mão no ombro de Lázaro.

- Tá legal tio, agora vá dormir – responde Lázaro, levando seu tio até a porta do quarto.

- Coma alguma coisa e vá dormir – fala tio Paulo já entrando no quarto.

- Certo tio; vou comer agora vá dormir amanhã é dia de branco e temos que trabalhar, certo? – fala Lázaro com um sorriso no rosto.

- Certo, até amanhã filho – fala tio Paulo, passando a mão no cabelo de Lázaro assanhado-o um pouco.

Tio Paulo entra no quarto e fecha a porta, Lázaro joga a mochila no sofá e vai até a cozinha para beber um copo d’água, ele não está com fome, vai só beber água e dormir.

Lázaro ascende à luz da cozinha, receoso, mas não vê nada de estranho, abre a geladeira, enche seu copo, toma a água e vai para seu quarto, pegando antes sua mochila, ele sobe as escadas, entra em seu quarto, fecha a porta e tira sua roupa ficando só de cueca, pega seu calção velho de dormir, desforra sua cama, pega um travesseiro, um cobertor grosso e sua camiseta da banda Sentido Nacional, ele é fã dessa banda, tem todos os cd’s, ele só lamenta a banda ter acabado no auge.

Antes de dormir ele hora agradecendo mais um dia de vida a Deus, pode proteção a ele e a seus amigos, logo após como de costume pega seu diário e começa a escrever.

Boa noite ou dia?

18 de agosto; ontem se tornou hoje que loco! É meia-noite e um, tenho que dormir amanhã será um longo dia, espero que Gabriel fale com o tal do Ramos; só espero que ele não seja tão louco e que me possa esclarecer alguma coisa, não agüento mais viver assim, será que tudo isso é real mesmo? Ainda bem que eu tenho Ainá, acho que ela ficou um pouco chateada por não ter contado a ela isso antes, mas o que eu poderia fazer não é fácil ser assim como eu sou.
Gostaria que tudo voltasse a ser como era antes, quando tinha vocês meus pais, ainda bem que tenho o tio Paulo; se não, não sei se suportaria...
Bom é hora de dormir, tenho que descobrir minhas verdades amanhã.

Seis horas da manhã o despertador do quarto de Lázaro toca, como sempre ele não levanta, só acordando com os berros de seu tio Paulo.

- Lázaro! Lázaro! Já são seis horas! Acorda Cinderela – grita tio Paulo nas escadas do quarto de Lázaro.

- Já sei tio, tô indo! – fala Lázaro meio sonolento, mas se levantando.

Lázaro levanta, pega sua toalha e segue para o banheiro para tomar seu banho.

Lázaro tira sua roupa e não percebe que em suas costas há uma pequena cicatriz, como se tivessem colocado algo nele.

Vinte minutos depois Lázaro está tomando o café de manhã com seu tio.

- Lázaro, sandriele vem hoje pra cá...- fala tio Paulo.

- Já sei, você poderia chegar um pouco mais tarde – responde Lázaro antes que seu tio termine a frase.

- É isso ai garoto – fala tio Paulo pegando um pouco mais de café.

- É isso o que eu não entendo tio, o senhor uma hora me diz que tenho que chegar cedo em casa e de repente, pronto, tudo muda! – fala Lázaro com ironia.

- Você entendeu, deixe de gracinhas – fala Tio Paulo, passando manteiga em um pão.

- Ok tio! O senhor é quem manda; sim! Talvez eu durma na casa de Ainá hoje – fala Lázaro enchendo um copo de suco de laranja.

- Cuidado pra não engravidar essa menina! Não estrague suas vidas que estão só começando, você tem camisinha – fala Tio Paulo franzindo a testa.

- Relaxa meu velho, sei que o senhor é muito novo pra ser avô e nós sabemos nos cuidar – responde Lázaro já terminado seu suco.

- Melhor assim, você sabe que um homem é um homem e se você fizer algum mal a essa menina vai se ver comigo – fala tio Paulo sério.

- Vamos! Senão vamos nos atrasar – fala Lázaro já se levantando e colocando a louça na pia.

- Os pratos são seus hoje – fala tio Paulo se levantando.

- Quando eu chegar do trabalho, lavo tudo
– responde Lázaro, lavando as mãos na pia mesmo.

Lázaro e seu tio saem de casa, trancam a porta, entram no carro e seguem para o trabalho.

Por volta das dez da manhã, Gabriel liga para o celular de Lázaro.

- E ai Gabriel, tudo em cima cara? Será que poderia ser hoje nosso encontro com o tal do Senhor Ramos? – pergunta Lázaro ansioso pela resposta.

- Claro Lázaro! Agora vamos ter que sair mais cedo da faculdade, ele topou falar hoje com agente – responde Gabriel mostrando muita empolgação.

- Então nos vemos na faculdade, até mais cara! – fala Lázaro e desliga o celular.

O dia transcorre normalmente, Lázaro trabalha até as duas, seu tio o larga do trabalho, ele vai para casa, almoça, lava os pratos, o único aborrecimento é com o gato do Senhor Mesquita, fora isso nada de errado acontece, Lázaro chega até a esquecer um pouco dos acontecido misteriosos que rodeiam sua vida.

Chega a noite, Lázaro vai para a faculdade, lá ele se encontra com Ainá.

- Você ficou um pouco chateada comigo? – pergunta Lázaro segurando as mãos de Ainá

- O que você acha? – pergunta Ainá.

- Bom! Eu acho que você é linda e que deveria me perdoar já que eu sou o melhor homem que uma mulher poria querer – responde Lázaro tentando alegrar Ainá.

- Via ter que fazer mais que isso pra conseguir meu perdão – fala Ainá olhando nos olhos de Lázaro, demonstrado sinceridade.

- Tá legal! Eu conto tudo e juro que nunca mais guardo segredos para você, agora a pergunta é : você está pronta para isso?
- fala Lázaro a olhando sério.

- Estou – responde Ainá com firmeza.

Nesse momento chega Gabriel tocando as costas de Lázaro.

- Oi Ainá, e ai Lázaro – fala Gabriel tentado esconder a empolgação.

- A que horas Vamos? – pergunta Lázaro.

- No intervalo, ele vai nos encontrar em sua casa – responde Gabriel se referindo a Senhor Ramos.

- Se você quiser saber toda a verdade Ainá vem com agente – fala Lázaro olhando fixamente para Ainá.

- Estarei aqui esperando vocês – fala Ainá que logo se despede de Lázaro e Gabriel, indo assim assistir sua aula.

- Nós encontramos aqui no intervalo, temos que sair rápido pra que os outros não nos vejam – fala Gabriel.

- Certo! Então te vejo mais tarde, vamos entrar logo antes que Thiago chegue – responde Lázaro.

Os dois entram na faculdade e vão logo para suas salas, para evitar encontrar com os outros, principalmente Thiago que se fosse com eles poderia estragar tudo.

Lázaro, não consegui concentrar-se na aula só pensa no que o tal do senhor Ramos pode lhe contar, o que será que ele sabe e como será sua vida depois de descobrir segredos que podem ser maiores que seus passos.




CAPÍTULO III



Algumas horas depois, lá estão os três prontos para irem encontrar com o Senhor Ramos.

- Vamos nessa? – pergunta Gabriel que é o último a chegar.

- Estávamos só te esperando – responde Lázaro ajeitando sua mochila.

Os três seguem para o metrô sem muita conversa, seus instintos de curiosidade são bem maiores que qualquer conversa.


- Onde ele morar Gabriel? – pergunta Lázaro se referindo ao Senhor Ramos.

- Você não vai acreditar, ele mora bem perto da minha casa, cara! – responde Gabriel.

- E por que você nunca me falou sobre ele? – pergunta Lázaro.

- Você nunca havia me contato antes essas coisas e além do mais, o Sr. Ramos é muito reservado, nem sei como ele topou em falar com você, acho que ele deve ter muito para te dizer – fala Gabriel.

Lázaro o olha e não diz nada, eles pegam o metrô e em menos de uma hora chegam à casa do Senhor Ramos.

Gabriel bate na porta e nada, silêncio total.

- Será que ele está ai? – pergunta Ainá.

- Ele não ia me sacanear, ele mesmo estipulou esse horário da noite – responde Gabriel ainda batendo a porta.

- Acho melhor irmos – fala Lázaro um pouco desconsolado.

Quando eles já estão pensando em desistir, escutam uma voz gritando que já está indo.

A porta se abre e em frente deles se apresenta uma figura magra, de cor pálida, olhos tristes e um semblante de desesperança, aparentando uns setenta e tantos anos.

- Entrem e fechem a porta, aqui não é mais um bairro calmo – fala o Senhor Ramos que logo da as costas e entra, indo se sentar em sua poltrona desbotada.

- Ele é desse mundo? – sussurra Lázaro para Gabriel.

- Vamos entrar, ele é boa gente – responde Gabriel.

Os três entram, a porta é fechada e Ainá não larga a mão de Lázaro.

Eles sentam em um sofá velho, ficando assim de frente para o velho Ramos.

Por uns instantes um silêncio insuportável toma conta do ambiente, até que é quebrado por Gabriel.

- Senhor Ramos, esse é o tal rapaz que lhe falei – fala Gabriel apontando com o polegar em direção de Lázaro.

- E quem é essa garota? – pergunta o Senhor Ramos olhando para Ainá.

- Minha namorada – responde Lázaro.

- Ela lembra minha mãe – fala mais uma fez o Senhor Ramos, olhando para Ainá.

- Importam-se que eu fume? – pergunta Senhor Ramos já se preparando para ascender um cigarro.

- Não, vamos todos ter câncer um dia mesmo – responde Lázaro tentando quebra o gelo.

O velho homem o olha dos pés a cabeça; fica sério por uns instantes e proferi uma gargalhada.

Ainá da um sorriso discreto, Gabriel também, mas Lázaro fica só olhando o homem, como se quisesse ouvir algo dele, algo que até então não sabia que mudaria sua vida para sempre.

- Você é muito engraçado filho! – fala o Velho Senhor Ramos se recompondo do ataque de risos.

- O que o senhor poderia me dizer, sobre fleches enquanto dormimos? – pergunta Lázaro se esticando para frente em direção ao Senhor Ramos.

O Senhor Ramos da uma tragada em seu cigarro, deixando a brasa bem viva, olha Lázaro como se quisesse estuda-lo.
- Aconteceu com você também filho, o que mais te fizeram? – pergunta o Senhor Ramos, ainda se satisfazendo com a fumaça de seu cigarro.

- Como assim? Não me fizeram nada! –responde Lázaro surpreso com a pergunta do velho que para ele parecia louco.

- Nada! Você deve estar me gozando, tire a camisa! – responde o Senhor Ramos se mostrando indignado com Lázaro.

- Tirar a camisa? – pergunta Lázaro.

- Sim, você é surdo?! – responde o Senhor Ramos com uma voz áspera.

Gabriel acena com a cabeça para Lázaro fazer o que o Senhor Ramos está pedindo, Lázaro tira a camisa, desconfiado.

- Fique de pé e vire-se de costas – fala o Senhor Ramos.

Lázaro se vira e o Senhor Ramos logo percebe que tem algo de errado, tem um corpo estranho em suas costas, algo que foi implantado nele.

- Como eu suspeitava! Venham ver – fala o Senhor Ramos para os outros, que logo se levantam.

- O que é? O que é?! – pergunta Lázaro angustiado.

- Se você não tem um caroço de massa nas costas, tem algo estranho aqui – fala Gabriel ainda espantado com o que vê.

- Isso não estava ai ontem Lázaro! – fala Ainá tampando a boca com uma das mãos.

- Você foi grampeado garoto; estão lhe estudando – fala o sr. Ramos.

- O que? Mas quem? – pergunta Lázaro

- Os mesmos que fizeram isso comigo – responde o Senhor Ramos desabotoando sua camisa e mostrando uma cicatriz em seu peito.

Lázaro se vira e vê a cicatriz do Senhor Ramos.

- O que é isso meu Deus? – fala Lázaro olhando ainda sem acreditar em tudo aquilo.

- Temos que tirar isso de você – fala o Senhor Ramos.

- Tirar! Como assim tirar?! Você tá querendo dizer que vai abrir minhas costas?! – pergunta Lázaro espantando.

- É para o seu próprio bem filho, temos que ser rápido, logo, logo isso vai desinchar e será muito difícil acha-lo, ele se muda com muita freqüência e você nem senti – responde o Senhor Ramos, abotoando sua camisa.

- Não! Acho que isso não é uma boa idéia!
– fala Lázaro se recusando a aceitar a proposta do Senhor Ramos.

- Olha filho, foi assim que eu me livrei deles, esse é o único jeito, não se preocupe, não vou te machucar muito – fala o Senhor Ramos se levantado.

- Hei! Calma ai! Pra onde o Senhor vai, me livrar de quem? Deles? Tinha mais de um em seu corpo? – fala Lázaro se pondo na frente do Senhor Ramos.

- Com todo o respeito Senhor Ramos; acho que o Senhor lhe deve uma explicação antes de querer corta-lo – fala Gabriel um pouco confuso com tudo.

- Certo, você tem razão, sentem-se – fala o Senhor Ramos tentando acalmar Lázaro com suas respostas.

Todos sentam e começam a escutar o Senhor Ramos atentos e ansiosos por respostas, quase não respiram de tanta tenção.

- Como você deve saber; eu servi na guerra e depois disso o exército quis me ridicularizar, tudo por causa de um fato...
– fala o Senhor Ramos parando por uns estantes e respirando fundo.

- É muito doloroso para mim relembrar essas coisas, mas se isso fizer com que você não passe pelo o que eu passei; então, será válido. Bom, eu estava numa missão, tínhamos que invadir um local e resgatar alguns homens, nossa unidade iria concluir a missão com êxito, nenhuma baixa, nenhuma! Entramos, tomamos o lugar, tudo ia bem, até que; eles apareceram, não sei o que eram só sei que não eram humanos, eles entraram e saíram atirando em tudo, em todos, só eu sobrevivi, mas preferia ter morrido, eu estava ferido, eles me pegaram, falavam entre si, não sei se estavam discutindo se iriam me matar ou não; então, pararam de discutir, um deles veio até mim, me levantou só com uma das mãos, meu corpo todo tremia, ele me carregou em seu ombro... – fala o Senhor Ramos que é interrompido por Gabriel.

- Como eles eram? – pergunta Gabriel olhando fixo para o Senhor Ramos.

- Até então eu não tinha visto, eles estavam com capacetes que cobriam todo o rosto, um deles tirou o capacete e olhou para mim, definitivamente aquilo não era humano, eles não tinham orelhas, seus olhos pareciam de gato e seus narizes eram para dentro, não sei ao certo, ele me olhou e jogou um pó em meus olhos, quando acordei estava encima de uma mesa fria; completamente despido, chegaram quatro deles com roupas de médicos, não sei, eram roupas diferentes, estavam com luvas, eu tentava me mexer, mas tudo era em vão, um passou a mão em minha cabeça... , eles começaram o que seria a pior experiência de minha vida, uma mascara cobria meus olhos e meu rosto havia um líquido que me fez sufocar no inicio, depois eu pude respirar; mas tudo o que fizeram com meu corpo eu podia sentir, sentia como se agulhas entrassem e saíssem de mim, eu senti uma dor forte em meus dedos, depois apaguei, quando recobrei os sentidos estava num quarto sem janelas ou portas, com um macacão branco e os dedos de minhas mãos e meus pés estavam com furos, não agüentava ficar de pé, meu peito queimava e não conseguia controlar minhas necessidades fisiológicas, urinei varias vezes na roupa, quando urinava sentia como se algo me rasgasse, era uma dor tão intensa que chegue a desmaiar, não sei quanto tempo passei ali; do nada! Surgiu uma porta, ela se abril na minha frente e os dois entraram, nunca vou esquecer seus rostos; não tinham pálpebras, meu Deus! Eles colocaram uma espécie de coleira em mim que me fez andar e segui-los; eu não controlava meus passos, eu não controlava meu corpo! Eu passei por um grande corredor todo preto e lá no fim tinha uma luz azulada, quando cheguei no fim do corredor não pude contá-los, eram tantos, os dois me colocaram numa espécie de mostruário como se eu fosse um rato para ser estudado, eles estavam acima de mim, estavam ao meu redor e do nada saíram imagens em minha direção, tantos fatos histéricos, tantas guerras, tanta dor – o Sr. Ramos para mais uma vez e tenta se recompor – Eu não agüentei, me desesperei, eu gritava tanto, tanto! Eles só olhavam, depois que chorei, eles pararam, tudo ficou escuro, depois disso; acordei em minha base militar e o exército abafou todo o caso – fala o Senhor Ramos segurando suas mãos e de cabeça baixa.

Todos naquela sala estão esgotados emocionalmente, Ainá chora segurando a mão de Lázaro que está com os olhos cheios lágrimas, Gabriel não diz nada e põe a mão no peito.

- Se você não tirar isso, vão fazer o mesmo com você, entendi? – fala o Senhor Ramos respirando fundo.

- Como sabe? – pergunta Lázaro.

- Enquanto não tirei o meu eles me visitavam, hora com fleches de luzes, hora pessoalmente – responde o Senhor Ramos com um semblante de medo.

- Tira isso Lázaro! – fala Ainá aos prantos.

- É cara, tira logo isso! – fala Gabriel tocando o ombro de Lázaro.

Lázaro os olha e balança a cabe para o Senhor Ramos, dando permissão para ele tirar aquilo de suas costas.

Lázaro se deita na mesa da cozinha o Senhor Ramos põe uma toalha na boca de Lázaro, para ele morder, pára tentar suportar a dor.

- Me ajude a segura-lo! – fala o Senhor Ramos para Gabriel.

Ainá segura as mãos de Lázaro, para lhe dar forças.

O Senhor Ramos pega toalhas, uma faca e começa a cortar as costas de Lázaro, que se contrai de dor, o corte tem que ser mais fundo, o objeto não está tão fácil de sair.

- Pronto! Consegui! – fala o Senhor Ramos tirando o objeto das costas de Lázaro.

O Senhor Ramos limpa o corte e costura as costas de Lázaro, alguns minutos depois Lázaro está com um curativo, todos vão para a sala, Gabriel e Ainá ajudam Lázaro a se recompor o trazem para a sala.

O senhor Ramos ascende um cigarro e mostra aos outros o que tirou das costas de Lázaro.

- O que é isso? – pergunta Gabriel.

- Parece uma espécie de chip, não sei – responde Lázaro.

- Isso é o que guia eles até você – responde o Senhor Ramos, que da a Lázaro o objeto de formato triangular.

Lázaro olha para aquela coisa que estava em suas costas e percebe que no centro daquilo tem uma espécie de olho mágico, esses que são usados em portas, Gabriel e Ainá também seguram e olham intrigados.

- Você deve destruir isso – fala o Senhor Ramos.

- Eu vou, mas, antes preciso de mais respostas – responde Lázaro já segurando a peça estranha.

- Rapaz, quanto tempo mais tempo você ficar com isso mais correra perigo; eu sei o que estou dizendo – fala o Senhor Ramos.

- Isso é a chave para a verdade – fala Lázaro demonstrando incerteza e uma curiosidade tremenda.

- Você tá louco Lázaro! Você quer passar pelo o que o Senhor Ramos passou?! – fala Ainá preocupada.

- Eu te disse que não seria fácil, mas isso; pode ser a chave para esse mistério que é minha vida – responde Lázaro guardando o objeto no bolso da calça.

- Bom garoto, o que eu podia fazer por você já fiz, boa sorte então – fala o Senhor Ramos olhando para Lázaro, sentido que o rapaz tem mais coisas para esclarecer e que seu papel foi concluído.

- Obrigado Senhor Ramos, nós nos vemos – fala Gabriel apertando a mão do Senhor Ramos.

Eles se levantam e vão em direção da porta.

- Se você descobrir o que tanto busca e sobreviver a isso; espero que me conte tudo – fala o Senhor Ramos, apertando a mão de Lázaro.

- Não se preocupe, eu contarei – responde Lázaro com um sorriso singelo no rosto.

Enquanto eles vão saindo o Senhor Ramos fica olhando de sua porta, até que eles desaparecem.

Os três estão seguindo em direção da casa de Gabriel, Ainá abraça Lázaro forte, nenhuma palavra é dita, ainda não acreditam em tudo aquilo.

Eles chegam a casa de Gabriel, já passa das onze horas da noite.

- Você sabe o que está fazendo Lázaro? – pergunta Gabriel abrindo o portão de sua casa.

- Nunca tive tanta certeza de algo em toda minha vida – responde Lázaro.

- Bom! Tenho que ir, até amanhã para vocês – fala Gabriel entrando em sua casa.

- Tchau Gabriel – fala Ainá acenando com a mão.

- Vamos – fala Lázaro para Ainá.

Da casa de Ainá para a de Gabriel são só uns quinze minutos, a noite está calma, então eles decidem ir andando.

- Lázaro, destrói isso por favor! – fala Ainá olhando para seu namorado com medo na fala.

- Eu não posso Ainá... – responde Lázaro.

- Mas por quê? – pergunta Ainá, ainda aflita.

- Eu ti conto quando chegarmos em sua casa, ok! – responde Lázaro.

Eles se calam e vão seguindo noite adentro, pouco tempo depois chegam na casa de Ainá. Ainá mora com uma prima as duas dividem as despesas, sua prima já está dormindo, eles entram e logo vão para o quarto.

- Eu vou ver se pego algo pra gente comer
– fala Ainá saindo do quarto.

Um tempo depois ela entra com sanduíches de queijo e um refrigerante de dois litros.

Eles comem, brincam um pouco com o queijo que cai do pão.

Depois da refeição se aprontam para dormirem, Ainá não deixa de perguntar o porquê da insistência de Lázaro em não querer destruir aquela coisa que estava em suas costas.

- E então! Você vai me contar o porquê disso tudo, você não entendeu o que o Senhor Ramos falou? Você pode se sentir estranho, mas não é burro – pergunta Ainá.

- Tá bom, tá bom! Olha Ainá, isso que eu vou te contar, nunca, nunca! Ninguém soube, nem meu tio Paulo, ninguém! Eu nunca contei isso porque achava que tinha sido, sei lá; uma alucinação; não sei... – fala Lázaro deitado na cama, Ainá está sentada em sua frente.

- Tá, mas conta depois de hoje nada mais me surpreende – responde Ainá.

- No dia do acidente comigo e meus pais, chovia muito eu estava no banco de traz, sem sinto, de repente uma claridade tomou toda a pista, não conseguíamos enxergar nada, então; meu pai perdeu o controle do carro e nós capotamos, enquanto capotávamos fui jogado para fora do carro, acho que por isso sobrevivi... – Lázaro para por uns instantes e chora.

Ainá vê o namorado chorando e logo vai em sua direção para lhe dar colo.

- Eu vi Ainá! Não era o céu! Parecia alguma coisa de metal! Quando fui arremessado um grande relâmpago rasgou os céus, uma parte do céu não existia, era como uma; não sei! Uma placa de metal talvez; depois, apaguei com a pancada, aquilo me perturbar até hoje.

- Eu sinto muito Lázaro, você ter passado por tudo isso – fala Ainá, tentando confortar o namorado.

Lázaro chora, Ainá o acolhe em seus braços.

- Ela estava grávida... – fala Lázaro

- O que? Quem? – pergunta Ainá.

- Minha mãe; ela estava com cinco semanas de gravidez – responde Lázaro.

- Porque você nunca contou isso a ninguém? – pergunta Ainá surpresa com esse novo fato.

- Eu não sei, acho que porque tio Paulo já estava muito arrasado – responde Lázaro.

- Como pode? E na autopsia, não acharam nada? – pergunta Ainá franzindo a testa.

- Agora você sabe por que tenho que ficar com aquilo – responde Lázaro olhando fixamente para Ainá.

Nada mais é dito, eles se deitam e dormem abraçados.

Amanhece, eles tomam seu café, Lázaro come rápido para ir trabalhar.

- O que você vai fazer? – pergunta Ainá.

- Ainda não tenho certeza – responde Lázaro.

- Seja lá o que você faça, saiba que pode contar comigo – fala Ainá acariciando o rosto de Lázaro.

- Tenho que ir trabalhar, agente se vê a noite, certo – fala Lázaro se levantando e beijando o rosto de Ainá.

Eles se despedem e Lázaro vai para o trabalho, ele não consegui se concentrar no trabalho seus pensamentos são voltados para aquele objeto que foi retirado de suas costas, a imagem do acidente hoje está mais nítida do que nunca.

- Eu tenho que falar com Adriele – pensa Lázaro, Adriele está fazendo um curso de terapia da regressão.

Chega a noite, Lázaro se encontra com os outros depois da aula no bar ninguém é santo.

- E ai Lázaro! Você já falou com master Ramos – pergunta Thiago com deboche.

- Sim! – responde Lázaro sem demonstra nenhuma irritação.

- Sério!? – pergunta Geogton.

Gabriel e Ainá olham para Lázaro sem entender de certo o que ele está tentando fazer.

- E o que ele disse? – pergunta Thiago demonstrado curiosidade.

- Bom! Que você é um babaca... – responde Lázaro que logo é interrompido por Adriele.

- Mas isso nós já sabemos – fala Adirele fazendo com que todos riam.

- Há,há; muito engraçado – fala Thiago com uma cara de poucos amigos.

- E ele tirou isso de minhas costas – fala Lázaro jogando aquele objeto triangular para Thiago, que consegue segura-lo com um reflexo rápido.

Adriele e Geogton se juntam mais a mesa para ver o que é aquilo, Thiago fica intrigado.

- Cê tá de onde né Lázaro? – pergunta Adriele.

- Você esterilizou isso? – pergunta Geogton, já se preocupando com possíveis germes.

- Não tô de onda e não, ele deve estar cheio de fungos – responde Lázaro brincando com Geogton.

- Isso é sério cara!? – pergunta Thiago ainda sem interder o que é aquilo.

- Adriele; eu preciso de sua ajuda – fala Lázaro olhando sério para Adriele.

- Em que eu posso te ajudar? Eu não entendo nada de eletrônica – responde Adriele pegando das mãos de Thiago aquele objeto.

- Você está fazendo aquele curso de terapia de regressão certo? – pergunta Lázaro.

- Sim, mas... – responde Adriele ainda confusa.

- Eu quero que você faça comigo – fala Lázaro.

- Não! Nada disso, eu nem acabei o curso, isso é uma coisa muito seria Lázaro, se eu fizer errado você pode se dar mal – responde Adriele com medo de falhar com o amigo.

- Tá bom; calma, eu vou te contar porque tenho que correr esse risco – fala Lázaro contando a eles tudo o que se passou na casa do Sr. Ramos.

- Mas Lázaro, você tem certeza disso? – pergunta Adriele depois de ouvir as explicações de Lázaro e as confirmações de Gabriel e Ainá, dando verossimilhança para os fatos narrados por Lázaro.

- Depois de ontem eu não tenho mais certeza de nada, eu só sei que essa coisa estava em minhas costas e que a morte de meus pais pode ter sido um assassinato – fala Lázaro, conseguido convencer não só Adriele como a todos naquela mesa.

- Você acha que, e.t’s, fizeram isso com seus pais? Isso e loucura cara! – fala Thiago.

- Bem! Nem tanto Thiago, você sabia que todos os dias alguém tem um contato imediato, alguém vê algo nos céus que não consegue explicar – fala Geogton.

- Cara, meu Deus! Não da para acreditar nisso, vocês não entendem; olha Lázaro, você deve ter tido algum trauma e imaginou tudo isso, cara! Você era muito criança – fala Thiago ainda tentando não acreditar em tudo aquilo.

- Olha Thiago eu não te culpo por não acreditar, mas minha imaginação está em suas mãos – fala Lázaro se referindo ao objeto triangular que Thiago volta a segurar nas mãos.

- Tá! E se eu topar, onde faremos isso?
– pergunta Adriele já cedendo a Lázaro e interrompendo a conversa.

- Amanhã é sábado certo, faremos em minha casa minha prima vai visitar meus tios, faremos lá – fala Ainá e todos concordam.

- Eu vou falar pro meu tio que não vou trabalhar amanhã, não quero que ele se preocupe, acho melhor inventar que estou gripado – fala Lázaro.

Lázaro pega o objeto das mãos de Thiago e todos se levantam da mesa, pagam a conta e vão embora.

No caminho para casa Lázaro e Thiago conversão sobre isso tudo.

- Eu conheço uma cara que saca muito de eletrônica, ele poderia nos dizer o que é isso; sei lá! Pode ser de tecnologia Chinesa – fala Thiago tentando convencer seu amigo e seu ceticismos.

- Thiago, você viu algum nome made in China? – pergunta Lázaro para o amigo.

- Não... – responde Thiago.

- Olha cara, eu não te condeno por teu ceticismo e se você não quiser ir amanhã, tudo bem, sem grilos cara, eu não vou ficar magoado, você lembra quando éramos crianças? Toda noite no natal colocávamos nossas meias penduradas pra papai Noel nos mandar um presente, era legal aquele tempo, não era? – pergunta Lázaro.

- Era muito bom; dias felizes aqueles – responde Thiago.

- Então! Só por uma vez tenta manter a mente aberta, se isso tudo for verdade, mudara tudo o que acreditamos aqui na terra, você entende? – pergunta Lázaro tentando abrir a mente do amigo.

- só sei que sei que nada sei, não é? – responde Thiago.

- É isso ai cara! - fala Lázaro.

- Olha Lázaro; ainda é difícil para mim, mas eu te tenho como um irmão e mesmo que eu não acredite nisso tudo eu iria com você pra qualquer ligar, se isso pode elucidar o que aconteceu com sua família, cara! Eu tô nessa – fala Thiago colocando a mão no ombro do amigo.

- Valeu cara! – diz Lázaro olhando pro amigo.

- E além do mais pode ser que existam umas etsinnhas gostosinhas, com quatro mamilos, duas vaginas, quem sabe – fala Thiago brincando com o amigo.

Lázaro chega em casa, se despede de Thiago e entra, seu tio ainda está acordado ele está com Sandriele vendo tv.

Lázaro entra sem fazer muito barulho, meio que querendo fazer uma surpresa ao tio e sua namorada.

- E ai tia! – fala Lázaro para Sandriele já correndo para o sofá e abraçado-a.

- Hei moleque! Que liberdade é essa?! – fala tio Paulo brincando, fingindo ter ciúmes.

- Eu já disse pra você largar esse velho e ficar comigo, um garotão forte, bonito e cheio de amor pra dar – fala Lázaro se ajeitando no sofá.

- Oi Lázaro como vai? – pergunta Sandriele feliz em ver Lázaro.

- Estou ótimo, fazia um tempo que agente não se via, estava com saudades – fala Lázaro.

- Você poderia parar de dar em cima de minha namorada, Lázaro? – pergunta tio Paulo brincado.

- Deixa disso Paulo, você sabe que meu coração é todo seu - responde Sandriele abraçando Lázaro, que acaba magoando as costas e fazendo uma cara desconfortável.

- O que foi Lázaro? – pergunta seu tio

- Nada, é que hoje eu levei um tombo na faculdade e machuquei as costas, nada de mais – responde Lázaro se levantando e se preparando para ir pro seu quarto.

- Você quer que eu olhe? – pergunta sandriele.

- Não precisa, não foi nada. Bom, já é tarde e eu sou um trabalhador sem regalias; então, boa noite e não façam nada que eu não faria – fala Lázaro se despedindo de seu tio e de Sandriele indo assim para seu quarto.

Lázaro sobe e vai direto para seu quarto chegando lá, tira sua camisa que está melada com um pouco de sangue.

- Ai! Essa foi por pouco, não posso preocupar tio Paulo ainda mais, tenho que limpar isso antes que notem – fala Lázaro para se mesmo, ao mesmo tempo em que pega um pouco de gaze em seu guarda-roupa.

Lázaro, limpa todo o corte, troca de roupa e vai dormir, amanhã será um longo dia.


Continua....

Em breve esse e outros livros meus estarão sendo vendidos pela internet e em livrarias de todo o país, aguardem.

Conheça meu outro livro O Lado Avesso - Nornes o Mago: http://o-lado-avesso.blogspot.com/